Por autogestão, em sentido lato, entende-se o conjunto de prátcas sociais que se caracteriza pela natureza democrática das tomadas de decisão, que propicia a autonomia de um "coletivo".
É um exercício de poder compartilhado, que qualifica as relações sociais de coperação entre pessoas e/ou grupos, independente do tipo das estruturas organizativas ou das atividades, por expressarem intencionalmente relações sociais mais horizontais. O caráter multidimensional do conceito de autogestão (social, econômico, político e técnico) nos remete a pensá-lo muito mais que uma simples modalidade de gestão.
A referência a uma forma de organização da ação coletiva nesta perspectiva, no entanto, não se dá de forma linear, pois a apropriação de espaços coletivos se dá de múltiplas formas e a referência à organização da ação coletiva precisa ser qualificada. A primeira dimensão diz respeito ao caráter social, pois enquanto construção social a autogestão deve ser percebida como resultadoo de um processo capaz de engendrar ações e resultados aceitáveis para todos os indivíduos e grupos que dela dependem; a segunda remete ao econômico, são processos de relações sociais de produção, que se definem sobre práticas que privilegiam o fator trabalho em detrimento do capital; a terceira é política, se fundamenta a partir de sistemas de representação cujos valores, princípios e práticas favorecem e criam condições para que a tomada de decisões seja o resultado de uma construção coletiva que passe pelo poder compartilhado (de opinar e decidir), de forma a garantir o equilíbrio de forças e o respeito aos diferentes atores e papéis sociais de cada um dentro da organização; a quarta dimensão é técnica, insinua a possibilidade de uma outra forma de organização e de divisão do trabalho.
(A Outra Economia - Antonio David Cattani (org.) - pág. 20; Porto Alegre: Veraz Editores, 2003)
Um comentário:
Mas afinal, o que é autogestão?
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