sexta-feira, 20 de abril de 2007

A Propriedade


Se eu tivesse que responder à seguinte questão: O que é a escravidão?, e com uma única palavra respondesse: É o assassinato, meu pensamento seria, em princípio, compreendido. Eu não precisaria de um longo discurso para mostrar que o poder de suprimir do homem o pensamento, a vontade, a personalidade é um poder de vida e de morte, e que fazer o homem escravo é assassina-lo. Por que, então a esta outra pergunta: O que é a propriedade?, não posso responder do mesmo modo: É o roubo, sem ter cereza de ser compreendido, ainda que essa segunda proposição só seja a primeira transformada?


Tento discutir o próprio princípio de nosso governo e de nossas instituições: a propriedade; estou no meu direito: posso me enganar na conclusão que resultará de minhas investigações; estou no meu direito: agrada-me colocar o último pensamento de meu livro no começo; estou sempre no meu direito.


Alguns ensinam que a propriedade é um direito civil, originado da ocupação e sancionado pela lei; outros sustentam que é um direito natural, tendo sua fonte no trabalho: e essas doutrinas, por opostas que pareçam, são fomentadas, aplaudidas. Sustento que nem o trabalho, nem a ocupação, nem a lei podem criar a propriedade; ela é um efeito sem causa; deverei ser repreendido por isso?

[Reproduzido de Proudhon, P. J. Méthode suivie dans cet ouvrage. Idée d'úne révolution (excertos). In: - Qu'est-ce que la propriéte?; ou recherche sur le principe du droit et du gouvernement. Paris, A. Lacroix, 1873. Cap. 1, p. 13-4...]

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